UVE Escreveu: ↑29 ago 2019, 23:26
Crónica de uma viagem, 9.436 km em Carro Elétrico
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Bravo! Quem me dera ter feito o mesmo! Aliás, outra um pouco diferente, este ano queria ir experimentar a excelente rede que está neste momento em Itália e ir até lá abaixo, mas não consegui tirar dias de férias suficientes em Agosto...
Um ponto muito importante do relato é este:
De referir que, tendo já efetuado outras viagens com veículos elétricos de outras marcas, o facto de viajar num Tesla e poder usufruir de uma Rede de SuC excelente, disponível, com múltiplos carregadores (stalls), é uma enorme vantagem.
É, de facto. E seguramente que a direcção da UVE veria com muito bons olhos a possibilidade de vários outros construtores, ou alianças de construtores de automóveis, fazerem o mesmo. Ganham os utilizadores.
Suponho que também tenha sido fantástico carregar nesses grandes centros, como Eindhoven, que juntam SuC com imensos stalls e outros carregadores de outras redes, todos no mesmo local, de acesso público. Tal como deve ser prático, quando se tem mais pressa, encontrar os SuC nas áreas de serviço das auto-estradas, como na Noruega.
A UVE concorda com esta observação ou não?
Se por acaso concorda, como é que conjuga isso com defender o modelo que a legislação impõe em Portugal, que obriga os SuC em Portugal a esconderem-se por trás de cancelas e dentro de resorts turísticos, e a recorrer a subterfúgios para cobrar legalmente os carregamentos?
Pessoalmente, compreendo que a utilização de espaço no domínio público deve ter uma contrapartida para a sociedade. No meu entender, a simples existência de uma rede de carregamento já é a contrapartida necessária, ou pelo menos a exigência de que carregadores no domínio público sejam de acesso generalizado. Já a exigência de que carregadores em espaços de acesso público estejam obrigatoriamente englobados numa rede única, não tem qualquer justificação.
A criação de redes de carregamento por fabricantes de automóveis visa oferecer às pessoas que os compram condições excepcionais como contrapartida, como o evitar identificadores, ou serem gratuitos, ou poderem ser reservados a partir do carro, etc, e é totalmente incompatível com a integração numa rede única onde se é obrigado a carregar energia de um CEME qualquer, paga à parte.
Também são incompatíveis todas as redes pan-europeias, ou as meta-redes (identificadores que permitem carregar em múltiplas redes de outras entidades, New Motion, Maingau, ChargeMap...), particularmente quando se baseiam na oferta de um preço pela energia de excepção (Maingau, diversas redes eléctricas).
Em tempos, temeu-se chegar a um PCR no meio do nada e não o poder activar por não se ter o cartão certo. Mas a situação evoluiu, hoje o problema não é esse. Os cartões, temo-los todos, para carregar com o que for mais barato. O problema é que não temos PCR no meio do nada.
Na assembleia da UVE ouvi falar dos múltiplos cartões de carregamento necessários no estrangeiro, com o exemplo de França (onde na realidade, há muito tempo se pode carregar com o mesmo cartão em todos os postos, com várias opções, IZIVIA, ChargeMap, redes estrangeiras como New Motion, etc), e que em Portugal estávamos muito mais avançados por termos, por lei, uma rede única.
A realidade, é que lá fora as redes são muitas, mas a regra é a interoperabilidade. Com um cartão francês, eu carrego na Suiça, no Benelux, no norte de Itália... A realidade, é que nenhum estrangeiro pode trazer o seu cartão para Portugal nem os nossos valem de nada lá fora.
A realidade é que a justificação da lei que temos era evitar uma situação que não se materializou e que lá fora não se verificou e, neste momento, se além de ser um entrave ao desenvolvimento de uma rede em Portugal, por acaso serve para alguma coisa, é para servir um conchavo.
Mudar de opinião não é ser incoerente.