Clubeletricos.com

migle Escreveu:
Quanto à Endesa, foi a minha primeira opção quando comprei o carro. Mas só depois de iniciar o processo me lembrei de ir ver o mix energético, e era mais de 40% de carvão. Abortei a mudança de comercializador e dei essa razão. Os dados de 2016 são muito diferentes (artifício contabilístico?), mas são 30,79% carvão, 13,04% gás natural e 7,17% nuclear (51%).

Ora, a YLCE são 53,1% eólica, e 70 e tal % renovável, nem vai ser muito afectada pela seca.

Será que é mesmo assim? Apesar do comercializador ser diferente, o distribuidor não é o mesmo (EDP Distribuição)? Nesse caso a Endesa não terá de ter o mesmo mix da EDP Comercial?

migle Escreveu:aderir à mobilidade eléctrica da EDP, porém o desconto de 400€ só se aplica a VEs de marcas com parceria, não ao Ioniq.

Olha, eu tenho os 400€ com um ioniq

Ainda bem.

Também esta segunda me disse que ia ver se conseguia, apesar da primeira me ter dito que não. Lendo bem todas as letras no site, isto está lá. Algumas pessoas podem reclamar...

Algumas pessoas poderão recordar que entrei no fórum com a questão de ter o incentivo de estado numa viatura de demonstração. Na altura a conclusão foi que não. Entretanto, passei a conhecer quem tenha conseguido... Ainda bem.

Os tarifários verdes são um embuste. A uma hora especifica de produção do mais poluente que se possa imaginar, se um cliente 100% verde ligar os seus equipamentos vai obrigar a queimar ainda mais. Não basta pagar mais para reclamar para si aquele "pedaço" de energia renovável, é preciso pesar muito mais variáveis. Ainda por cima a energia é igual para todos, vem de um MIX que aparentemente varia consoante o site que se consulta. Parece-me que hoje é impossivel ser um consumidor consciente e informado e adaptar hábitos de forma a ser o mais sustentável possivel. Dito isto... é o que for mais barato.

Eu bem gostaria de saber como é que são feitas as contas do MIX energético. Se é a energia que se produz, se a que se consome, se as contas são feitas à hora ou se se pode trocar a energia verde que um consumidor consumiu com carvão produzido a outra hora... É mesmo mau, deixa mesmo dúvidas, e estas regras deviam estar disponíveis para consulta (se calhar estão, eu é que não vi).

Agora, o que não é embuste, o que é uma realidade, é o todo. É uma realidade que a energia que consumimos em Portugal tem um componente muito maior de energias renováveis do que na generalidade da Europa. Isto não se deve a investimentos feitos nos últimos anos, esses na realidade estão parados há vários anos. É uma coisa histórica, o nosso país tem mais relevo do que a maior parte dos países da Europa e por isso o investimento na hídrica é anterior à democracia.

Eu não ia ser parvo e achar que comprava electricidade 100% verde à EDP. Mas também não temos de ter grandes dúvidas quanto ao peso da hídrica na EDP. E também não temos de ter grandes dúvidas quanto ao peso da eólica na YLCE. E nós carregamos à noite, por causa da bi-horária...

Com isto, a Endesa não é capaz de apresentar um mix que a faça parecer melhor. Melhorou! No ano passado, apresentavam +40% de carvão, este ano é só 30%... Isto não representa o mix energético português.

Desculpa, Apr, mas isto eu acho que vale.

Em portugal há 1 rede e 1 mix energético para todos.... e os comercializadores nada tem a ver nem controlam os outros negócios de produção e distribuição de energia!

Quem tem tarifário bi-horário e um VE que carregue de noite pode fazer com que o seu mix energético na fatura seja diferente do geral, isto porque de noite a percentagem de renováveis é maior devido ao menor consumo geral na rede.

RJSC, eu percebo que carregando de madrugada, a energia vai sempre ser limpa, eólica, etc.

A questão é que o carro não é a única coisa que consome electricidade lá em casa.

Apr, parece esquisito que a contabilidade tenha consequência no mix energético... A verdade é que se vende, compra, por grosso e retalho. Eu estou bem sabendo que só há uma rede de distribuição, isso não implica nada. Eu acredito que a lei tenha muitos defeitos, mas não me parece que tenham inventado essa do mix energético só para nos entreter.

Ainda não percebi. Explica la como é possivel eu ter Endesa e puxar mais por carvão e o meu vizinho do lado ter EDP e puxar mais por renováveis.

Apr, saúdo o teu cepticismo. Partilho parcialmente dele, mas tenho sido levado a pensar que algum significado isto tem de ter.

Primeiro, falar em vizinhos do lado não dificulta nada a questão. Digamos que a rede é um sistema linear e que cada um dos comercializadores tem de garantir numa dada subestação a soma do consumo dos seus clientes.

Quanto a explicar, vou ter de recorrer à especulação. Vou adivinhar aqui uma maneira como poderia funcionar que não me pareça impossível, simplesmente para dizer que não me parece impossível. Não caiam em cima de mim por isso, não temos outro remédio a não ser que apareça aqui alguém com autoridade a dizer que sabe como é que funciona.

Segue-se pura imaginação:

Imaginemos que o consumo é dividido é satisfeito por três componentes de produção: uma planeada, outra de contingência e outra de salvaguarda.

A EDP distribuição, única operadora da rede, fornece os dados a todos os comercializadores. Todos sabem quanto consumiram os seus clientes no mês passado e no ano passado também, nos três horários, temos quase todos contadores electrónicos...

De acordo com estes dados, vai a REN e diz a cada um dos comercializadores para garantir determinada potência em cada uma das subestações, e que tenham mais um tanto de contingência. Os comercializadores fazem-no de acordo com os contratos que têm com os produtores. Talvez, se mesmo a potência em contingência for insuficiente, a própria REN vá directamente aos produtores para o tal componente de salvaguarda, aqui como dizias sem controlo ou escolha do comercializador. Porém, quanto à componente planeada, o comercializador faria as suas escolhas, provavelmente produção de uma empresa do mesmo grupo. Sim, REN, faz entrar ali não sei quantos W de Brovales para a subestação do Alqueva.

Isto parece impossível?

Sabemos que isto vai por fazes, a contingência primeiro significa abrir as torneiras das hidroeléctricas, depois pôr as centrais de carvão a queimar e por último deixar entrar electricidade francesa.

Também sabemos que a central que queima fuel-óleo, a de Tunes, não funciona há vários anos. Escolha da REN? Não... Escolha da EDP produção que é quem pagaria o fuel-óleo.

Argumentos pela negativa

Se isto não fosse possível, como fariam estas empresas a facturação entre si?

Se este mix não quisesse dizer nada, então o CEO da Endesa não iria logo ter com o governo espanhol, "Rajoy, que tal? Esta cena do mix energético anda a deixar-nos mal vistos. Gastámos uma pipa de massa a tirar fotografias de meninas de 4 anos a soprar dentes-de-leão e agora isto! Se não alteram isto, nós vamos ao tribunal europeu dos direitos do homem!" No dia seguinte, havia uma cimeira luso-espanhola e a regulamentação do mercado ibérico de electricidade era alterada.

Por isso mesmo, se o quadro apresentado pelo mix fosse muito positivo, também eu não acreditava. Agora, se o quadro se apresenta bastante negativo, algum fundo de verdade deve ter.

Como consumidores, temos efectivamente pouca escolha e pouca informação. Apesar de tudo, parece-me que a pouca que temos é uma conquista. Não vamos desdenhar do pouco que conseguimos conquistar.