Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Toda a discussão relativa a Pontos de Carregamento também conhecidos por EVSE (Electric Vehicle Supply Equipment) vem para aqui.
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BrunoAlves
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por BrunoAlves » 11 set 2019, 12:39

É a única coisa positiva que este modelo apresenta: a relativa facilidade com que pequenos players podem entrar no "jogo".

Essa questão, na minha opinião, é facilmente contornável. Por um lado, o OPC poderá cobrar o que entender pela utilização do posto, em vez de dar 2/3 ao CEME. Além disso, imagino que uma negociação de fornecimento global para vários postos (não esquecendo MT onde fosse possível) possa aligeirar esses custos.
Finalmente, não percebo porque é que esse custo de potência não pudesse ser dispensado como o é actualmente. Nem que seja em localizações com utilização inferior a "X", por degraus, etc.
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mjr
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por mjr » 11 set 2019, 12:52

Por essa lógica devia desaparecer a tarifa de potência em todo o lado. A ERSE não vai nessa conversa, infelizmente.

E não percebo essa questão dos 2/3 para o CEME. 2/3 do lucro ou 2/3 da faturação? É completamente diferente, pois o CEME tem de pagar a TAR ao sistema elétrico nacional e ainda a eletricidade que compra no mercado de energia. Só na TAR está à volta de 1/3 da faturação...

Sinceramente não estou a ver onde é que o OPC ficaria a ganhar tanto mais nessa situação, até porque não iria comprar a eletricidade no mercado de energia mas sim a um comercializador que já teria a sua margem de retalho.
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por BrunoFonseca » 11 set 2019, 12:56

mjr Escreveu:
11 set 2019, 12:03
Uma pequena achega:

Como sabem a tarifa de potência contratada para a ME não possui termo fixo, estando incorporada na TAR da energia. Ora num modelo simplificado onde o OPC fizesse um contrato de compra de energia com um CE, teria de nesse caso pagar a potência contratada, valor fixo mensal.

Por exemplo para dois postos de 22kW a potência contratada seria de 3x60A o que daria à volta de 60€ por mês de custos fixos. Para os PCRs o valor seria muito superior, naturalmente.

Para mim parece ser um valor elevado e uma barreira à entrada de OPCs, especialmente em locais com uma utilização expectável baixa.
Termo fixo.... outra taxa tipica de Portugal. Acabaram com o aluguer do contador e inventaram esta taxa.

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BrunoAlves
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por BrunoAlves » 11 set 2019, 14:53

mjr Escreveu:
11 set 2019, 12:52
E não percebo essa questão dos 2/3 para o CEME. 2/3 do lucro ou 2/3 da faturação?
Da facturação, naturalmente ;)
Carreguei recentemente em Braga num PCN de 22kW. 12€, dos quais menos de 4€ foram para o OPC. Mais IVA claro. E neste caso não, não havia lugar a TAR porque é num shopping, que já terá o seu PT bem generoso. Mas pagamos. Estamos a pagar TAR num fornecimento de energia que não a tem na origem. Como já falámos aqui outras vezes, em MT as contas são outras, mas pagamos sempre como se estivéssemos a carregar em casa.

Se o OPC puder negociar um fornecimento global de energia, com certeza vêm preços mais competitivos. E podia e devia ser incentivado a ter produção renovável, que é algo que o actual modelo não permite.
Devia ser incentivada a alimentação em MT, aliviando os PT de rua e a própria distribuição,... Juntar 4 PCR numa localização, servidos por um único PT, porque não?
Se o OPC quisesse, montava um barzinho de apoio aos postos, alimentado pela origem da energia que contratou (MT de preferência). Não interessa, contratou fornecimento de energia e usa-a como entender.

É capaz de ser sobre simplificado :mrgreen: Mas parece tão fácil, houvesse vontade.
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por rimsilva » 11 set 2019, 15:16

Mais uma vez se está a olhar para este tema influenciados por más práticas e leis obsoletas que protegem os grandes players do sector energético (já houve essa tentativa no passado com o mercado das telecomunicações).

A mobilidade eléctrica é um negócio totalmente diferente da realidade que temos em casa, não faz sentido (ou não deveria) que se queira impor as mesmas regras, ainda para mais a ME tem um objectivo supremo de contribuir para a redução da poluição automóvel... Chateia-me este tipo de situação, mas tenho esperança em que a UE consiga acabar com tudo isto, imponha regras neste sector a nível Europeu.

Sinceramente tenho duvidas que este esquema possibilite o aparecimento de pequenos OPC, só se for onde nenhum player tenha interesse, ou um negócio pontal com uma empresa, porque o que vejo é exactamente o contrário, parcerias entre grandes grupos (Galp/Sonae), (EDP/BP/Pingo Doce), etc... Até a KLC já percebeu que para crescer, precisa de alguma forma, participar como CEME (e assim apareceu a charge2go).

Infelizmente, enquanto este paradigma não mudar, vamos continuar a ser os "coitados" do costume...

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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por caz » 11 set 2019, 21:02

Em primeiro lugar temos de olhar para a oportunidade para a ERSE, EDP distribuição, REN e outros players actuais. A ME vem trazer muitas receitas que estão agora nas petrolíferas para as entidades em torno da mobilidade elétrica. Só que, a ERSE deveria fazer o papel de não tornar este modelo mais um monopólio, pois a ERSE beneficia de players pequenos contribuirem para a rede de acesso à mobilidade elétrica e pois o seu poder global será maior se existirem mais players. Adicionalmente, a rede pode crescer mais rapidamente, pois trata-se de um modelo concorrencial em que se podem instalar postos de carregamento algumas vezes em locais que não seriam rentáveis para os grandes players.

Adicionalmente, a ME vem contribuir para que muitos carregamentos sejam efectuados fora do período actual de pico. Logo são margens muito maiores para os players actuais.

Mas para as entidades actuais ganharem têm de fazer o seu esforço. E acho que o mais importante é variabilizar o máximo possível as receitas: acabar com o TERMO FIXO e as TAXAS.

Tal como se variabilizou o consumo para os VE, dever-se-ia variabilizar o consumo de todos os postos. Basicamente, até podiamos ter CEMEs mas que seriam fornecedores dos OPC, sendo a energia paga de forma variável para todo o posto.

Relativamente à Mobi.E e a questão de com um único cartão carregar em todos os postos, é fácil ter um modelo alternativo. Nas telecomunicações um cliente da Vodafone pode fazer chamadas para um cliente da Altice, porque a ANACOM (a ERSE das telecomunicações) regulou um modelo de interligação entre as redes. Basicamente é apenas necessário servidores onde os OPC fazem a interligação entre todos.

Desta forma, cada um poderia contratar um determinado OPC a totalidade do serviço e até poderia existir OPC que não queriam ter clientes finais.


Outro modelo alternativo, em que não é preciso acabar com a Mobi.E era todos os contratos serem com a Mobi.E. Anualmente a Mobi.E fazia um concurso público para os preços de energia. Os OPC definiam cada um os seus preços e nós tinhamos uma App onde poderiamos escolher de acordo com os nossos critérios.

Relativamente aos postos de carregamento rápido no interior, acho que tem de ser o estado a investir. Em vez de estar a subsidiar algumas pessoas por ano para adquirirem carros novos eram melhor usarem esse dinheiro para colocarem PCR em todas as vias principais do país (e não só as AE).

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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por caz » 11 set 2019, 21:07

Se se lembram a grande explosão do consumo de telecomunicações deu-se quando passaram a não existir custos fixos.

Precisamos do mesmo para que o investimento nos postos de carregamento passe a ser uma realidade

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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por migle » 11 set 2019, 21:16

Eu acho que o investimento na rede de carregamento é mínimo, num país que pode gastar 120 milhões a fundo perdido para renovar hotéis.

O investimento na ME representa deixar de importar petróleo e gastar em vez disso electricidade produzida em Portugal, potencialmente 100% renovável.

Entretanto, estamos numa situação em que os players pretendem ter um lugar garantido no futuro e simultaneamente ter resultados positivos no presente, como se não soubéssemos todos que a rede vai crescer.
Entretanto, pretendem que os postos sejam amortizados no curto prazo a vender electricidade...

Com esta postura, é inútil existirem.
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por mjr » 11 set 2019, 21:23

Percebo a tentação de comparar com o negócio das telecomunicações, mas transportar energia é completamente diferente de transportar sinal. Existem custos fixos muito significativos que têm de alguma maneira ser repercutidos em todos os agentes. Se deve ser na energia ou numa taxa fixa já é outra questão.

Sobre a TAR em MT, a proposta de alteração ao RME por parte da UVE é muito clara nesse ponto. Como está não faz sentido pois o CEME fica com a diferença toda (exceto a Prio, que distingue claramente nas faturas a TAR) entre a TAR em BT e a TAR em MT.
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Re: Modelo da Mobilidade Elétrica em Portugal

Mensagem por caz » 11 set 2019, 21:53

mjr Escreveu:
09 set 2019, 19:35
Nestes modelos não existe a figura de OPC, quem vende a eletricidade é o CEME. Como sabem em Portugal só comercializadores de eletricidade podem vender eletricidade.

Eu percebo que queiram ir pela maneira mais simplista e imediata que é uma empresa compra eletricidade tal como nós compramos em casa ou numa empresa e depois vende essa eletricidade. Um modelo muito bom mas infelizmente impossível de concretizar, tal é a teia que entretanto foi criada (tipo a dificuldade que será o Brexit caso sempre vá para a frente).

Ter CEMEs a vender diretamente eletricidade tem dois problemas:

- Barreira muito grande à entrada de novos players. É preciso ter uma dimensão considerável para conseguir entrar no mercado de compra e venda de eletricidade.
- Não será possível, out of the box, usar o cartão/App/etc de um CEME nos postos de outro CEME.

Sim, tem vantagens. Permite logo de imediato emitir uma fatura de venda com pagamento no local. Nesse aspeto é super simples.


Uma forma de manter o modelo mais melhorar a sua atratividade é os CEME e Mobi.E continuarem a existir, mas as taxas da Mobi.E são pagas directamente pelos UVE aos CEME e os custos dos OPC passarem a ter só custos variáveis.

Desta forma reduzimos o risco dos OPC e logo fica mais atrativo investir no posto. Atualmente, o OPC tem de ter dinheiro para investir num posto e ter bolsos suficiente fundos para estar a pagar taxas à mobie e termo fixo à EDP distribuição até que existem suficientes VE. Se existirem muitos postos de carregamento, vão existir mais carros elétricos. Se existirem mais carros elétricos, tanto a Mobie como a EDP distribuição vão ganhar mais.

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