A cidade mais a norte foi Granville, Manche. Granville, tal como Saint-Malo, é cidade dos corsários, e por todo o lado há alusões. É curioso um turista português ali, uma vez que nós e os espanhóis éramos as presas dos corsários. A cobertura e protecção de que eles gozavam por parte de França e Inglaterra era com o sentido de nos roubar os impérios. Então era uma guerra não declarada, como tantas hoje em dia.
Em Granville é que claramente as nossas roupas não estavam adequadas... ninguém por ali estava vestido com roupa mais aligeirada... Desde o fim da tarde de 13 até à manhã seguinte estivemos sempre com nuvens baixas e quase chuva, bastante frio, ali parece já Inglaterra. Tudo indica que o cartão do telemóvel da minha mulher, onde estavam as únicas fotos, se foi à vida... É pena, porque fotografámos um veleiro no porto. De resto, não se via nada. As ilhas Chausey vêm-se de certeza, mas não com o tempo que estava; talvez se veja também Jersey.
Quisemos ir a um bar comer uma tosta e beber cidra, e nada! Às 20h30, estava tudo, tudo fechado. Na cidade, apenas restaurantes asiáticos e McDonalds, Burguer King, etc... Perguntámos se era algum dia festivo (14 de Julho é a tomada da bastilha...)... nada, simplesmente ainda é estação baixa, está tudo fechado, isto apesar de haver luz solar até às 23h.
Tivemos algum medo do tempo que pudesse demorar o regresso, por isso marcámos o hotel em Salamanca (onde teríamos de carregar durante a noite, o único PCR que falta) para a noite de 15 para 16; e, porque estávamos de carro eléctrico e tal, decidimos marcar a noite de 14 para 15 apenas 900km antes, em ambos os casos, hotéis com recepção 24/24. Afinal, podíamos perfeitamente ter feito uns 1200km de seguida para o regresso, sobrou imenso tempo.
Para o último dia (14) de turismo sem pressa, tínhamos duas opções: podíamos continuar pela Normandia em direcção ao Pas de Calais, mas decidimos deixar isso para a próxima vez, quando formos à Holanda (já que na regiões Nord e Pas de Calais também se fala flamengo). Também podíamos ter ido a Cherburg, onde havia um LIDL onde carregar, mas não nos pareceu suficientemente atractivo.
Preferimos voltar à Bretanha onde não tínhamos ainda passado em nenhuma zona onde se usasse a língua bretã. A minha referência era Vannes, por causa do grande cantor popular
Jean Le Meut (é o primeiro vídeo, apesar da imagem estranha que não é ele), de quem tenho um disco. Além disso, mesmo depois de termos percebido que ao fazer turismo de carro se devem evitar as cidades, poderíamos a Pointe de Corsen, o cabo mais ocidental de França e o ponto onde termina o Canal da Mancha.
Na prática as coisas não correram tão bem. Brest sabíamos que era grande, mas acontece que todas as outras também. Perdemos tempo em St. Brieuc na Armórica, ficámos com medo de demorar e já não fomos à Pointe de Corsen (tinha dado).
Depois, no Morbihan, descobrimos que a rede departamental de carregamento de VEs não estava integrada com as outras... Eu tinha pensado que toda a região ocidental estava integrada, é claro que não vi departamento a departamento... Resultado: tinha carregado o carro na Armórica, no Morbihan não deu, portanto foi à justa para chegar a Nantes. Eu queria ter ido pela costa, passando em St. Nazaire na foz do Loire, mas a volta era maior e não conseguiria chegar a Nantes...
Em Nantes, confirmei que o tempo de carregar o carro dos 12% aos 94% é o tempo à justa de ir à casa de banho, entrar num self-service, pedir, pagar, esperar o tabuleiro e meter o tabuleiro na mesa. Do self-service envidraçado via o PCR. Quando pousei tudo e o bebé, fui ao carro e já estava nos 93%. Não dá para comer! Neste caso foi mudar o carro de sítio...
Fiquei a pensar que deviam haver menus especiais para VE, distribuídos por várias áreas de serviço: na primeira íamos à casa de banho e fazíamos o pedido; na segunda comíamos o hambúrguer, na outra as batatas, e na outra o café.